Você já viu um adolescente apaixonado?
Não, não chega a ser um tipo raro de ser vivo. Na verdade, poderia ser descrito como uma variação da patologia normal da adolescência defendida por Knobel (para psicanalistas sempre é uma questão de patologia, o que é absolutamente normal, mas isso é outra conversa).
Não, não chega a ser um tipo raro de ser vivo. Na verdade, poderia ser descrito como uma variação da patologia normal da adolescência defendida por Knobel (para psicanalistas sempre é uma questão de patologia, o que é absolutamente normal, mas isso é outra conversa).
Paixão é...
- do Lat. passione, sofrimento;
- do Grego, pathos, que também significa excesso, catástrofe, passagem, passividade, sofrimento e assujeitamento;
- sentimento excessivo;
- amor ardente;
- afeto violento;
- entusiasmo;
- cólera;
- grande mágoa;
- vício dominador;
- alucinação;- sofrimento intenso e prolongado;- parcialidade.
É ele quem diz...Mas não é de se estranhar que facilmente observemos algo de loucura, de insano, patológico mesmo na paixão. Do adolescente então, nem se fala. O problema é quando pensam que há algo de anormal nisso tudo.
- sentimento excessivo;
- amor ardente;
- afeto violento;
- entusiasmo;
- cólera;
- grande mágoa;
- vício dominador;
- alucinação;- sofrimento intenso e prolongado;- parcialidade.
É ele quem diz...Mas não é de se estranhar que facilmente observemos algo de loucura, de insano, patológico mesmo na paixão. Do adolescente então, nem se fala. O problema é quando pensam que há algo de anormal nisso tudo.
Quando se é adolescente, anormal é se assim não fosse...
A questão é: você já viu um garoto ou garota sem estar apaixonado? Eles estão SEMPRE intensamente ligados em algo. Naquela beleza de mulher, cujos mistérios os garotos não resistem (já dizia aquela música), conseguem tudo deles com um simples sorriso e lhes dão o mundo quando lhes dão um beijo. Só um beijo. Que, convenhamos, nunca será "só" um beijo. Pode ser de amor, de amizade, de carinho, afeição, ternunra, desejo, alívio, adeus...
Podem estar ligados naquela canção - o que é velho demais para eles; melhor seria naquela música, hit ou "parada". Sempre tem aquela que SIMPLESMENTE "amam de paixão" ou adoooooram! O fato é que sempre tem uma outra que amam ainda mais ou que amam mais do que você é capaz. É assm porque, quando estão em grupo, o "medidor da paixão" é o que garante aquele ar de disputa amistosa, mas típica: quem é o mais ensandecido? Quem canta com mais paixão? Quem sabe todas as letras de cor? E a tradução delas? Quem se sente mais "traduzido" naquela música? Imagine as faíscas que saem quando um deles encontra outro na mesma condição. É um contágio só. Os abraços mais apertados, os "ooiiii"'s mais rasgados, o andar saltitante ou arrastado, sempre dando um jeito de tocar no boné, no iPod, celular, fones de ouvido... Tudo pretexto para deixar encostar uma mão na outra, um braço no ombro do outro e por aí vai. Quem assite a cena se denrolando pela primeira vez, não tem como deixar de sorrir e sentir como se a primavera chegasse (ok, no Ceará não entendemos o que é isso, mas nada que nossa imaginação não seja capaz...).
Não é difícil de acontecer. Um refrão cantarolado e pronto. Amam-se totalmente, daquele amor que todo adolescente proclama aos quatro ventos. É um amor bem particular e que só eles sentem, porque entender mesmo ninguém entende, nem eles! Um ou outro mais metido a filosofias vai tentar explicar. Mas de um jeito absolutamente fugaz, o que é bem próprio deles. Ser intenso e sem energia, fugaz e eterno, absoluto e nulo, vibrante e entendiante, a lista é imensa! Mas no meio de todas essas polaridades, consegue perceber a paixão?
Diria que suas mentes funcionariam na base do "Tudo só é bom porque é demais!". Porque se voltarmos à definição do termo, é assim que eles são, uns loucos-excessivos-sofredores-alucinados! Isto é, apaixonados... Por si mesmos, por outros, por vários, por todos ou por nenhum, por aquela música e por todas as outras, aquela banda, aquele ritmo, aquele cantor ou ator, por aquele time, pela Copa, por Carnaval ou CearáMusic, por aquele estilo, aquela roupa, por maquiagem, computador, chocolate, pizza, ou coca-cola, chiclete, ruffles, cinema, video-game, por aquele estilo de vida ou jeito de ser, por alegria ou sofrimento, por competição, conquistas, por ganhar, descobrir, por uma situação engraçada ou triste, por símbolos, figurinhas, tatuagens, animes, por ideais e ideologias, por seriados, por dançar até cair...
É impressionante como, para quem não chegou a ser (perguntem às crianças) ou já foi (perguntem aos ditos adultos), um adolescente parece de outro planeta. O mais interessante é que quando se é um deles vez por outra você se sente exatamente assim. Como um ET, "só no meio da multidão". Mesmo dentro da sua "tribo" ou turma ou galera. Parecem cópias uns dos outros, mas mal-feitas porque sempre têm algo de particular. Talvez por isso busquem as duas coisas: o semelhante e o que é único. É a tal busca pela identidade de que todo piscólogo , escritor, educador já falou. Mas apesar de ser um processo comum, a jornada é individual.
Observe um deles num shopping, numa calçada com um ou outro de sua "espécie". Incrível como nos fazem pensar em que tempo maravilhosamente insano, fantástico e confuso todos passamos. Uns definem como tempo, fase, época, passagem... Continuo a imaginar como um parque de diversões, porque no meu parque teria todas aquelas polaridades mencionadas. Do amor ao medo, da adrenalina ao tédio. Mesmo que possamos reencontrar isso, recordar o passeio ao conviver com um deles, sempre nos lembram que o passeio acabou. E só tínhamois um ingresso.
Essa memória é positiva, por outro lado, quando nos faz ver em cada um deles um pouco de Pan, o deus das florestas, campos e rebanhos. Mas não porque não querem crescer, como nos mostra a figura de Peter Pan (Nem diga isso! Mesmo sabendo que tem sua verdade...), mas sim porque todos tem aquele olhar... Aquele olhar de gula, de querer devorar o mundo ou algo mais específico dentro dele. Sempre têm algo mais forte do que eles dentro de si. O próprio caos, será?
No fim, alguém dirá que estou fantasiando um mundo com esses adolescentes-ET's que criei, como se não existissem a miséria, o abandono dos pais, as drogas, a prostituição, a violência física, os assassinatos, a perseguição, a traição, a bagunça, a irresponsabilidade, a rejeição, o engodo, a dependência, o medo, a deficiência, a escuridão... Mas é claro que tudo isso existe e faz parte de suas vidas, interferindo na sua maneira de ser-estar no mundo. A diferença é que essa é a marca que muitos preferiram guardar deles.
Enquanto isso, podem pensar: "Mas ela descreveu como se fosse um conto-de-fadas!".
Continuo a ver os jovens (como se eu fosse uma ansiã! mas quem sabe...), os "garotos" como gosto de chamar, como aqueles que, acima de tudo, querem amar o mundo, salvá-lo para se amarem por isso. A verdade é que bem que poderia ser um conto-de-fadas mesmo, se terminássemos de contar a história na parte do "felizes para sempre".
Mas quando se tem o "para sempre" diante de si, quem vai querer parar ali?
Como disse Peter Pan, "viver será uma grande aventura".
Ou você não acredita em fadas? =)